sábado, 19 de abril de 2008

Ação evangelizadora da Igreja

A CNBB esteve reunida pela 46ª vez, revisando "orientações" e preparando "novas diretrizes" para a ação evangelizadora da Igreja do Brasil, por mais 04 anos. Chamou-me a atenção, de modo particular, a avaliação feita pelo Sr. Bispo de Santarém, no Pará, D. Esmeraldo Ribeiro de Farias, sobre a Comissão Episcopal que ele preside - para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada - conclamando os padres a se inserirem mais nas comunidades.

Chegou a dizer que "já se foi o tempo em que bastava tocar o sino para o povo ir para a Igreja". E acrescentou: "a Conferência de Aparecida veio lembrar que a Igreja deve estar no estado permanente de missão. Por isso, a formação dos novos padres deve ajudá-los a descobrir que vocação e missão estão interligadas". "Chamou-me a atenção, de modo particular", dizia eu, porque a Diocese me pediu agora, um trabalho nos seus seminários: filosófico, aqui em Sobral; e teológico, em Fortaleza, para acompanhar, espiritualmente, seus seminaristas, a fim de ajudá-los no discernimento vocacional e na vivência futura da missão sacerdotal.

D. Esmeraldo disse ainda que "embora 73% da população brasileira seja católica, são poucos os que participam. O tempo hoje é de atenção às pessoas. O grande imperativo da Igreja é ir ao encontro delas e formar comunidades. Esta preocupação deve fazer parte do ministério dos padres" sublinhou D. Esmeraldo.

Os sacerdotes têm que sair dos seminários, preparados para a missão, o serviço, a compreensão e a misericórdia, sobretudo para com os mais pobres. Faz parte também dessa fase preparatória da formação dos presbíteros, aprender e treinar o uso dos meios de comunicação, a fim de espalhar mais a doutrina cristã por lugares onde o padre não tenha condições de chegar. Lá, o rádio chega. Lá também, deve chegar o evangelho.

Os Senhores Bispos uniram essa reflexão de D. Esmeraldo, à feita no retiro por D. Erwin, sobre a realidade da Amazônia e a situação nacional. Toda a análise da Conjuntura, do 1º dia, como as demais "visões" dos dias seguintes, mostraram o tanto quanto o padre tem que ser atualizado, competente e seguro na denúncia das injustiças e na busca da verdade, mesmo que isso implique na incompreensão ou na perseguição por parte de autoridades ou da imprensa.

Não foi o que disse Jesus? "Bemaventurados sois vós, quando vos perseguirem, caluniarem e disserem todo o mal contra vós, por causa de mim". Vossos nomes serão inscritos no céu"... Uma jornalista perguntou a D. Erwin como ele se sentia diante das ameaças de morte que recebia. Ele respondeu: "estou livre no meu quarto e no meu escritório. Fora, sou sempre acompanhado por policiais. Claro: são 03 as causas da perseguição: a) minha insistência em investigar a fundo a morte da Ir. Dorothy; b) minha posição com relação ao desenvolvimento apregoado pelo governo; e c) a denúncia que faço de abuso sexual de menores. Recebo ameaças por cartas anônimas e pela Internet".

Essa é a Igreja de Jesus que eu conheço. Foi nessa Igreja que eu fui formado. Foi dela que eu recebi toda a orientação para trabalhar, advertido contra as "raposas" de que falou Jesus, contra os Herodes, os Pilatos ou os "fariseus", que são muitos políticos ou partidos políticos da atualidade. A Igreja deixada por Jesus é a mesma. Sua ação tem que ser a mesma. Mãos à obra.
Fonte: Jornal O POVO