quinta-feira, 1 de maio de 2008

Aumenta a confiança no Brasil

O Brasil passou a ser classificado como um investimento seguro. Em meio à turbulência externa provocada pela crise nos empréstimos hipotecários nos Estados Unidos e a desaceleração da economia americana, que ontem reduziu os juros básicos em 0,25 ponto porcentual para 2% ao ano, a agência de classificação de risco Standard & Poor's elevou o rating (risco) em moeda estrangeira de longo prazo do Brasil de "BB+" para "BBB-" - primeiro nível na escala de grau de investimento. O rating de longo prazo em moeda local subiu de "BBB" para "BBB+" e a nota soberana de curto prazo em moeda estrangeira passou de "B" para "A-3", enquanto o rating de curto prazo em moeda local de "A-3" para "A-2". A perspectiva para os ratings é estável. O anúncio fez o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) subir 6,33% ontem, ultrapassando pela primeira vez os 67 mil pontos no fechamento, com um movimento de R$ 9,7 bilhões.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a concessão do grau de investimento deve reduzir o risco País e as taxas de juros no Brasil. "A conseqüência do investment grade é que o risco do País deve cair, e as taxas de juros ficarão menores para o tomador de empréstimo no Brasil", declarou o ministro. "Estamos numa posição favorável para continuarmos crescendo. Para o grau de investimento, é importante uma posição fiscal e cambial sólida, com o crescimento da economia. E nós conseguimos conciliar a questão fiscal com um crescimento robusto."

De acordo com a analista de crédito da S&P, Lisa Schineller, o Brasil é o 14º país com dívida em moeda estrangeira a receber classificação "grau de investimento". "A elevação reflete a maturidade das instituições e da estrutura política do Brasil, como evidenciado pela melhora fiscal e da dívida externa e também pelo avanço na tendência de perspectivas de crescimento", disse a analista. "A dívida líquida geral do governo continua maior que a de muitos países com rating "BBB", mas é bastante previsível que o histórico de pragmatismo fiscal e de polícias de gerenciamento da dívida mitigam este risco", acrescentou Lisa

A S&P diz ainda que a dívida externa do País, em ativos líquidos no exterior, caiu drasticamente - a dívida líquida é projetada em 3% dos recibos de conta corrente (CAR) em 2008, do excesso de 100% do CAR em 2004. Embora alguma deterioração seja provável devido à volta do déficit em conta corrente, esperamos que o aumento da dívida externa seja modesto.

Lisa explicou que a pragmática política macroeconômica fortaleceu os fundamentos para um crescimento real de 4%-4,5% em 2008. Um amplo mercado consumidor, a ampliação dos mercados de capitais e o crescente nível de formalização sustentam melhoras nas perspectivas de investimento. Apesar das apertadas condições globais de crédito, a perspectiva de crescimento maduro do Brasil continua atraindo investimento estrangeiro direto (IED) diverso em termos de amplitude e destino. O fluxo de IED acumulado até abril é estimado em US$ 12,4 bilhões e caminha para bater o recorde de US$ 34,6 bilhões do ano passado. Espera-se que o IED cubra o atual déficit em conta corrente, estimado em US$ 20 bilhões para 2008. (da Folhapress)
Fonte:Jornal O POVO